sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Os elétricos de Braga, foram inaugurados há 100 anos -( III )-

( III )
Onde param os elétricos de Braga?
Resolvemos consultar jornais... conversar com amigos... e... porque não, procurar um ou mais guarda-freios.
Agradável ter dialogado com algumas das pessoas que trabalharam com os elétricos, especial destaque para o senhor Cunha, que durante 31 anos conduziu elétricos e com entusiasmo e nostalgia nos falou da sua experiência.
Ficamos a saber que inicialmente, acompanhou o guarda-freio e gradualmente passou a conduzir o elétrico. Após ter já experiência é que foi submetido a 'exame de condução'. A carta propriamente dita nunca lhe foi entregue pelos Serviços Municipalizados, que a mantiveram 'arquivada'... é que, pensa ele, teriam receio que fosse convidado a trabalhar nos elétricos do Porto, Coimbra ou Lisboa...
Recordou-nos que os elétricos eram rigorosamente pontuais e o elétrico da 'ponte' para o Monte d'Arcos podia ser utilizado todos os quartos de hora.
O transporte do correio dos CTT era feito por um elétrico com atrelado fechado que o levava de e para a Estação dos Caminhos de Ferro...
Lembra-se de um colega seu num dia de futebol «Braga-Porto», nos Peões ter ficado apenas com o colarinho da camisa branca, pois os « tripeiros » levaram-lhe o resto da camisa... e a gravata...
Claro que seis dos « Andrades » foram presos pela Polícia e tiveram de pagar a despesa ao guarda-freio...
Recordou com saudade o bom funcionamento em termos de horários. Assim, dos Peões a Maximinos havia elétricos de 10 em 10 minutos...
Realçou a eficácia do « viradinho »... termo que era utilizado para o 
« sincronizar » 5 elétricos no percurso Arcada-Pórtico do Bom Jesus ( 5 min. a São Vitor; aos Peões; a Tenões; ao Pórtico do Bom Jesus).
Ainda que, em dias de festa, o elétrico nº 11 com atrelado chagaria a transportar... imaginem: 2 centenas de pessoas!...
'reservado' - nº 11
Sobre o paradeiro dos elétricos e não obstante alguém nos ter dito até, que jurava ter visto um no Museu dos S.M. de Coimbra... a resposta foi perentória: - ''Em Coimbra no Museu, existem meia dúzia de elétricos, mas todos de cá.
De Braga, apenas temos o autocarro-elevador, com o qual reparavam os cabos aéreos dos trólei-carros...''
Confirmou-nos o senhor Medeiros ( chefe de serviços dos S.M. de Braga ) que tempos antes do « fim » dos elétricos, visitaram Braga dois cidadãos Americanos que pretendiam comprar elétricos Europeus, para um Museu do seu País.
O então diretor dos S.M., ter-lhe-ia dado instruções para colocar a 'bandeirola' com a indicação de 'reservado' num dos elétricos, e os ter acompanhado num passeio pelos percursos existentes, o que fez na companhia do então chefe das oficinas, Engº João Cruz e claro... do guarda-freio.
O que mais impressionou o senhor Medeiros, foi o 'encantamento' dos Americanos quando no passeio de elétrico cruzavam pelos 'carros de bois'... aos quais 'tiraram' bastantes fotografias...
os carros de bois...
Os Americanos mostraram mais uma vez interesse na compra de um elétrico... só que os S.M. decidiram dizer não à venda...
Onde os encontrar?
Se os Bracarenses pensam encontrar por tudo quanto é sítio, um que seja ( dos de Braga, claro), desiluda-se pois o senhor Medeiros admitido ao serviço em Janeiro de 1938 e o senhor Cunha ( de 81 anos de idade ) que como guarda-freio com eles trabalhou de 1933 a 1963, ano em que... dizem ter visto com os próprios olhos... um a um... terem sido desmantelados por um sucateiro do Porto ( e não só ), que os terá comprado por 111 contos!...
Restam-nos as fotografias e a saudade de não poder ver hoje, um que fosse, num qualquer Museu onde pudesse ser apreciado pelos nossos filhos... e por nós também.

25set1989 - dm - ''Entre Aspas'' - ASPA - António Resende

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